A glória ás longas tranças

poema de Ouafou

A glória ás longas tranças

...e em Bagdad meu amor, nos tempos passados,
Esteve um califa que tinha uma filha bonita...
Os seus olhos
Dois verdes aves...
O seu cabelo um longo poema..
A sua procura reis, imperadores vieram..
A dote lhe ofereceram..
Caravanas dos escravos e ouro,
As suas coroas ofereceram
Sobre um pratarrão do ouro,
Da Índia um príncipe veio,
Da China a seda lhe veio..
Mas a linda princesa
Os reis e os palácios e as jóias não aceitou
Um poeta namorando estava,
Ao seu balcão tirava
Todas as tardes uma linda rosa
E uma linda palavra..
Diz Shahrazade:
Das tranças da princesa o sanguinário califa vingou-se,
Cortou-as
Trança, trança
A Bagdad, meu amor, o luto anunciou
Tristemente pelas amarelas espigas como o ouro
O fome no país deu
Nas eiras já não se volta a malhar
Nem uma espiga..
Ou um grão das uvas..
O rancoroso califa anunciou,
Este, das ideias da madeira
E o coração da madeira
A aquele que traz a cabeça do poeta mil dinares,
Os soldados soltou..
Para queimar..
Todas as rosas que há no palácio..
E todas as tranças que há nas cidades do Iraque.
O tempo meu amor vai perdoar
O sucessor do tempo,
E a sua vida acaba-se
Como qualquer palhaço..
A glória á minha bonita princesa..
Issa que nos seus olhos dois aves verdes adormeceram
Para as longas tranças fica
E para a bonita palavra.

Nizar Qabanni

Tradução Mohamed El Ouafi